sábado, 5 de janeiro de 2013





DEPOIS DO FIM, O MELHOR DE 2012

Jesse Harris, longe de Maria Gadu. Patti Smith. Beachwood Sparks. Diana Krall, produzida por T. Bone Burnett. Mick Hucknall. Ryan Adams. Mumford & Sons, os garotos estão melhorando. Rolling Stones, os garotos estão melhorando. Richard Hawley. Dr. John. Dexys. Frank Ocean, ainda pode melhorar muito. Beach Boys, não há o que melhorar. Bill Fay. Bob Dylan. The Moons. Kid Abelha. Leonard Cohen. The Shins. Father John Misty. Widowspeak. Band of Horses. Norah Jones, como Diana Krall, repaginada. Se gostou, é só baixar. Se não, até qualquer dia desse novo mundo.


 

sábado, 31 de dezembro de 2011

O MELHOR DE 2011

THE WATERBOYS abrem com um belo poema de William Butler Yeats. De Genebra, vem a IMPERIAL TIGER ORCHESTRA e sua recriação do pop etíope. Os indefiníveis D. CHARLES SPEER & THE HELIX. JAY JAY PISTOLET. A volta do veteraníssimo GLEN CAMPBELL e uma constelação de convidados naquela que é, possivelmente, a melhor canção do ano que termina (escrita por ninguém menos que Paul Westerberg). BON IVER – o disco do ano. BENJAMIN FRANCIS LEFTWICH. THE ROSEBUDS. MEYER HAWTHORNE. STEVE CROOPER, um dos arquitetos do soul da Stax e, por que não, o melhor guitarrista de todos os tempos – quem canta é só Steve Winwood. RAPHAEL SAADIQ, cada vez melhor, WHITE DENIM, idem. WILCO, sempre que lança alguma coisa está em qualquer lista dos melhores. O mesmo acontece com o R.E.M., a melhor banda dos últimos 25 anos e sua última grande música. A musa etérea do alt country, GILLIAM WELCH, que usa uma pulseira que lhe foi dada por Linda Ronstadt onde está gravado: WWDD, que significa “O que Dylan faria ?”. É um amuleto para a hora de compor. CHICO BUARQUE. JOSEPH ARTHUR. RADIOHEAD, que é o mesmo caso do Wilco. Um dos filhos de Fela, SEUN KUTI & EGYPT 80, que foi a última banda do pai. JONATHAN WILSON. PAUL SIMON, finalmente. GOMEZ. DESTROYER. HOLLIE COOK, que fez o melhor disco do ano, segundo Paul Weller, e não seria eu a discordar do mestre. RYAN ADAMS, de novo em forma. GUMMY SOUL, que fez um disco em homenagem a Fela Kuti e juntou nessa faixa Damon Albarn, Gorillaz e o De La Soul. FATOUMATA DIAWARA. KURT VILE. RON SEXSMITH. JONY. FLEET FOXES e o YMUSIC, que encerra com o verdadeiro pop de câmera em três movimentos. BELEZA E INVENÇÃO a todos. Bom ano.


http://migre.me/7mhr0


quarta-feira, 7 de abril de 2010

EU SEI O QUE VOCÊ NÃO FEZ NO VERÃO PASSADO


É quase certo que você não foi para Nova Iorque. Se esteve lá, talvez até tenha passado em frente (ou próximo) de um prédio no East Village, esquina da Broadway com a 4th Street, onde até 2006 funcionou a Tower Records, uma das maiores lojas de discos da cidade. Ainda assim, provavelmente, não participou da ação mais criativa dos ativistas da arte da NO LONGER EMPTYRevitalising Space: Unlocking Creativity.


A NLE é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para recriar espaços urbanos que, como se sabe, também são espaços sociais. O objetivo desta ONG do bem é voltar a reunir gente em torno de exposições montadas em galpões, becos, galerias, edifícios que já foram lojas, hotéis etc - lugares abandonados que ainda fazem parte da paisagem da cidade e da memória das pessoas.



No início do ano, a NLE tomou conta de uma das esquinas mais valorizadas de Manhattan para “reviver” o ambiente da Tower com a instalação multimídia NEVER CAN SAY GOODBYE. Os cinco andares da antiga loja foram novamente ocupados com estantes e prateleiras de vinil, CDs; cassetes; torres para ouvir música; posters; capas de discos nas paredes; pocket shows e lançamentos. Até ex-funcionários da loja participaram do evento “atendendo” aos seus ex-clientes.


Não era a Tower do Village. Só o espaço era o mesmo, rebatizado NEVER RECORDS; modificado, ressignificado pelas diversas expressões e instalações dos artistas reunidos pela NO LONGER EMPTY para a ação. O evento, gratuito, contou a história da loja (e do espaço), trouxe shows com bandas ultraindies da sempre interessante cena novaiorquina, painéis, palestras com músicos, produtores e executivos das grandes gravadoras. Todos para se reunir e falar sobre as mudanças na indústria da música trazidas pela internet e de como a tecnologia tem modificado as formas de fazer arte.



A proposta da NLE, ao tomar e revitalizar espaços urbanos praticamente abandonados, por meio da arte, é a discussão de temas que vão da economia à antropologia, passando pela política, o engajamento, a cidadania e o protagonismo social. Mas o gesto é mais amplo, criativo e eficiente - pelo impacto do que aconteceu na antiga Tower, pelo número de pessoas que reuniu e pelo que ganhou em mídia espontânea, entre outras repercussões.


A cada nova ação, a ONG convida seus diversos públicos a pensar nas manifestações da cultura; no crescimento das cidades que já são grandes demais; no individualismo sem sentido; nos avanços rápidos da tecnologia; na incomunicabilidade e na memória minimamente necessária para a nossa sobrevivência. Já é muito para começar a perceber a distopia caótica e preocupante em que se transformou a vida em comunidade em Nova Iorque ou aqui.



De qualquer forma, é reconfortante saber que aquele prédio abandonado em uma esquina de Manhattan, que estava sediando eventos temporários e irrelevantes como mercados de pulgas e festas de Halloween, que não faziam justiça à sua grandeza e relevância, foi a Never Records durante quase um mês, entre janeiro e fevereiro desse ano. Foi o tempo necessário para lembrar daquele disco do R.E.M. lançado na loja com um pocket show relâmpago da banda. A Tower foi, durante os 80 e 90, um dos pontos de reunião da enorme comunidade indie da cidade. Foi o tempo de lembrar dos inúmeros astros do rock e do pop que costumavam freqüentar o local para comprar discos. O jazz e a música clássica estavam lá, no mesmo segundo andar, bem como as generosas prateleiras do quarto andar que apresentaram a world music aos americanos e atendiam aos milhares de imigrantes que vinham ouvir e comprar a sua música para se sentir mais perto de casa.



A NO LONGER EMPTY provou, mais uma vez, que a arte pode ser radical sem afastar o público (um dos maiores estigmas das vanguardas). Pelo contrário, NEVER CAN SAY GOODBYE e a NEVER RECORDS percorreram e aniquilaram as armadilhas da lógica e dos sentidos com uma mostra multimídia contemporânea, instalações e, quem diria, um enorme happening – que muitos consideravam coisa do passado. Parece ironia, mas é conceito, idéia, mobilização e realização – talvez a verdadeira transgressão. Sobretudo, uma grande idéia.


A Tower Records surgiu em Sacramento, na Califórnia, em 1960,quando Russ Solomon começou a vender discos na farmácia do seu pai, no mesmo prédio onde ficava o Tower Theatre. Com o crescimento dos mercados do rock, do pop e do soul, o negócio só cresceu. Durante as décadas de 70, 80 e 90, a Tower tinha lojas nas principais cidades americanas, no Canadá, Reino Unido, Argentina, Japão, Israel, Hong Kong e Cidade do México, entre outras praças. Na transição para o século XXI, começou a sentir os efeitos de um mundo que se transformou rápido demais e que foi engolindo prateleira a prateleira das lojas, primeiro as de discos, cassetes e fitas VHS, depois as de CDs e DVDs. A Tower capitulou em 2006.


Fico imaginando algo parecido por aqui, revivendo pela última vez o espaço da Bruneti Discos da Rua XV, da Wings na Ébano Pereira, dos mitológicos dois andares da Savarin da Dr. Murici ou da 801 Discos, primeiro reduto indie e world music em Curitiba. Lugares que fizeram parte de uma cidade que não existe mais e que só sobrevivem na memória de pessoas como eu.


Paciência. Vida que segue. A propósito, também não estive em Nova Iorque nesse verão, mas conheci a Tower londrina em Piccadilly Circus, enorme, com os mesmos cinco andares do Village. Não consigo imaginar, como aconteceu muitas vezes, aquele templo coberto de cartazes colados por ex-frequentadores com a frase: It's The End Of The World As We Know It.